A família e seu passado influenciam (e muito!) a sua vida financeira.

Uma coisa é fato: o Brasil é um país carente de educação financeira. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aponta que 7 em cada 10 pessoas sentem dificuldades para realizar o controle de seu orçamento pessoal.
E o mais curioso: metade destas pessoas procuram ajuda de familiares e amigos para obter informações sobre dinheiro, estas mesmas pessoas que sentem dificuldades em fazer um controle efetivo das suas finanças pessoais. Que coisa, não?
E esse “fluxo” fica pior quando o atleta, sendo bem sucedido em sua carreira, pede ajuda aos parentes e a amigos mais próximos, pois na maioria das vezes, essas pessoas nunca administraram um volume de dinheiro significativo, fazendo com que o atleta, focado em sua atividade principal, tome decisões erradas em relação ao dinheiro.
Basicamente, a nossa forma de administrar nossas finanças é construída de 3 formas, e falarei de cada uma delas a seguir:
1 – Com o que ouvíamos
Ouvimos muitas coisas sobre dinheiro durante a nossa infância, e como o acesso à educação financeira era muito escasso em gerações anteriores, a maioria das coisas que eles ouviam e diziam eram negativas, por exemplo:
“O dinheiro é a raiz de todos os males”
“Ricos são arrogantes e gananciosos”
“Para ganhar dinheiro é preciso trabalhar muito”
“Pensa que dinheiro dá em árvore?”
“Não podemos fazer uma viagem, pois somos pobres”
E por aí vai.
Mas aí tem um pequeno probleminha: boa parte desta geração não está passando por uma boa fase financeira atualmente. É como se alguém que só deu uma corridinha no quarteirão de casa quisesse lhe ensinar técnicas de como participar de uma maratona.
E lembre-se sempre desta frase “o dinheiro potencializa quem você é”. Se você é uma boa pessoa, com certeza fará muitas coisas boas com dinheiro, e o contrário (infelizmente) também ocorrerá.
Em meus atendimentos, conheci muitas pessoas bem sucedidas que literalmente “torravam” seu dinheiro para que não fosse chamados de “arrogantes” pelos seus parentes e amigos.
Reflita sobre as principais frases que você ouvia quando criança e avalie como isto impacta a sua vida hoje.
2 – O que víamos
Como diz o ditado “Macaco vê, macaco faz”. Boa parte dos meus clientes repetem exatamente o que seus pais faziam, para o bem e para o mal.
Muitas vezes vemos muitos filhos exercendo a mesma profissão dos pais, mesmo sem ter prazer ou mesmo vocação para isso. Por verem por muitos anos os pais executando determinada função, eles acreditam que este ofício é uma “herança” de família, e então “aceitam” essa herança para si, mesmo infelizes.
Se os seus pais eram muito “mãos-fechada”, é bem provável que você seja também. Um caso muito comum é o de jovens investindo em imóveis porque seus pais o faziam. “Meu vô sempre dizia que imóvel era o melhor investimento”.
Agora preste mais atenção à esta frase: Seu avô dizia, que o imóvel era o melhor investimento. Resumindo: na época em que seu avô estava na ativa, os imóveis podem mesmo ter uma ótima forma de investir o dinheiro. Mas será que isso se aplica aos tempos de hoje?
Isso serve também para aquelas pessoas que viram a vida inteira os pais entrando em dívidas ou consórcios por causa da famosa “só tenho disciplina para comprar algo se para isto contraio uma dívida”. Aí advinha o que acontece no futuro?
Veja como seus pais lidam (ou lidavam) com o dinheiro. Você é igual ou oposto a eles? E como isto impacta a sua vida financeira hoje?
3 – O que passamos (episódios emocionais)
Eu não tenho preconceito com nenhum estilo de música (na minha playlist tem Fundo de Quintal, Metallica, MC Guimê, Tim Maia e Luiz Gonzaga… rs!), mas existe um estilo de música específico que me incomoda por conta da mensagem que passa: as músicas “Vingativas”.
Nos últimos anos, as músicas que mais fazem sucesso são aquelas que de alguma forma tem o seguinte enredo: “as pessoas recalcadas”, tem inveja do nosso sucesso, pois agora que estamos de “camarote”, a pessoa que tanto nos ignorou “fez o que fez e vem me pedir para voltar”. E como “pensa em mim 24 horas por dia”, o que nos resta a fazer é “mandar um beijinho no ombro” (viu como ouço todos estilos de música? Rs!)
Como não acredito no acaso, realmente alguém percebeu este nicho altamente lucrativo e começou a investir em músicas do gênero. E se pararmos para pensar, esta moda começou nos últimos 4 anos, quando vivíamos o auge da classe média, quando pessoas que não tinham quase nenhuma oportunidade na vida se viram com dinheiro para ir à Disney.
O que isso tudo tem a ver com episódios emocionais? Todos nós fomos julgados de alguma forma no passado, sofremos bullying ou fomos preteridos pela paquerinha para dançar na festa junina, principalmente aquelas pessoas que viveram a sua infância na periferia. E aí chega o futuro: estamos bem de vida e tudo o que queremos é fazer com que todos se arrependam de ter nos deixado com a vassoura na mão no momento da música lenta (Velho isso, né? Rs!). E o que fazemos? Saímos consumindo compulsivamente para cobrir este buraco emocional. E o resultado está na nossa fatura de cartão de crédito.
Agora pense aí: Quais episódios emocionais você passou que impactaram a sua vida financeira, a ponta de deixá-lo até endividado? E como mudar esta emoção para que você tenha um futuro diferente daqui para frente?
Espero ter lhe ajudado com esta ferramenta. Faça em casa uma reflexão e deixe o comentário em nossa rede social.
Um grande abraço!